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Em tanto os impios, provocando a espada
Vingadora dos crimes, caem por terra:
Meu Deos! teus inimigos se dispersam,
Aqui, alli perecem ;

Fugindo sempre á tocha da verdade,
São victimas da propria iniquidade.

Eu porêm farto d'innocencia exulto, Qual aguia que o seu vôo a ti remonta, Vivificante Sol da intelligencia!

Deos! em ti só confio:

Da juvenil idade o vigor sinto,
E as rugas da velhice inda desminto.

Nos que me attacam com desdem reparo,
Olho quasi com dó para inimigos;
Deos me defende, acode, e me dá força:
Quem sabe se em meus dias

Estrugirá terrivel meus ouvidos
A queda que hão de dar os atrevidos?

Viçoso como a palma irá crescendo

O Sabio; ha de elevar-se como o cedro Nos outeiros do Libano frondoso.

Taes arvores, plantadas

Na casa do Senhor, prosperam, crescem, Nos porticos celestes reflorecem.

Annos e annos vencem, mais robustos;
São sempre verdes, brotam largos ramos;
Tarda e serena a morte em fim lhes chega:
Um doce e brando somno

Parece o fim do justo; aos Ceos, ligeiro,
O transporta o suspiro derradeiro.

(9) Quoniam ecee inimici tui, Domine, quoniam ecce inimici tui peribunt, et dispergentur omnes, qui operantur iniquilatem.

(10) Et exaltabilur sicut unicornis cornu meum, et senectus mea in misericordia uberi.

(11) Et despexit oculus meus inimicos meos, et in insurgentibus in me malignantibus audiet uuris mea.

(12) Justus ut palma florebit, sicut cedrus Libani multiplicabi

tur.

(13) Plantati in domo Domini, in atriis domus Dei nostri florebunt.

(14) Adhuc multiplicabuntur in senecta uberi, et bene patientes erunt, ut annuntient.

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Testemunho fiel que um Deos existe
Recto e clemente, que os fieis ampara,
E os perversos castiga rigoroso:

Que tem os Ceos patentes

Para aquelles que as leis sempre observaram,

E magoa eterna aos mãos que as desprezaram.

PSALMO XCII.

Laus cantici ipsi David in die ante Psalmo composto por David, para celebrar-se sabbathum (), quando fundata

est terra.

(1) Dominus regnavit, decorem indutus est: indutus est Dominus fortitudinem et præcinxit se.

VENCIDA

a creação do mundo.

ENCIDA a morte, surge o Auctor da vida;
Rompe os espaços do ether, triumphante,
Toma posse nos Ceos do Reino eterno:
De fulgurante veste

Pomposamente se orna;

O sceptro empunha, a rutilante espada
Lhe pende ao lado; e o cinge a fortaleza
Com que domina toda a Natureza.

(2) Etenim firmavit orbem ter- Elle foi quem firmou o orbe da terra,

ræ, qui non commovebitur.

(3) Parata sedes tua ex tunc :

à sæculo tu es.

Quem deo ás forças leis com que impedissem

Commover-se e chocar contra os mais astros.

Aqui fundou seu throno,

Desde então preparado

Para durar por seculos immensos;
Obra de um Deos eterno, que a ventura
Quiz radicar na humana creatura.

() No Psalterio de S. Germano lê-se in die Sabbathi.

(Mattei.)

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Que barmonias, meu Deos, cercá-lo devem!

Que canticos de amor eternamente

Deve o teu povo repetir contente!

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(3) Usquequo peccatores, Domi- Té quando hão de jactar-se os peccadores

ne: usquequo peccatores gloriabuntur?

(4) Effabuntur, et loquentur iniquitatem: loquentur omnes, qui operantur injustitiam?

(5) Populum tuum, Domine, humiliaverunt, et hæreditatem tuam vexaverunt.

(6) Viduam, et advenam interfecerunt, et pupillos occiderunt.

Dos erros que provocam teus furores?

O teu povo humilharam; tua herança
Destruiram, Senhor! Já 'stão quebradas
As taboas em que a lei sancta escreveste:
Que mais farão, se em tanto
Tudo inundam de pranto?

A viuva, o estrangeiro espedaçaram,
Os pupillos á morte abandonaram.

Até quando, Senhor! sem que os reprimas

(•) É um titulo dos tempos posteriores, que se não acha no texto Hebreo. V. a nota

ao do psalmo 23.

Se hão de ir cevando os impios na maldade? Té quando irão dizendo- « Deos não sabe, « Não vê o que fazemos:

<< De prazer nos fartemos,

<< Em quanto descuidado em paz dormita «O Deos que invoca o Povo Israelita. »>?

Estupidos, indignos! Tal cegueira

Ha de sempre durar? O Auctor das luzes,

O Artifice dos olhos será cego?

Quem fabricou sentidos

Hão de faltar-lhe ouvidos?

Ha de escapar á summa intelligencia
Quanto differe o crime da innocencia?

Deos, que as humanas gentes ameaça
Os raios desfechando e as tempestades,
Que as montanhas com rijo vento abala,
Deixará sem castigos

Seus feros inimigos?

Quando tudo com ordem determina,
E a prever a justiça nos ensina?...

Os pensamentos vãos dos homens loucos
Conhece todos, seus effeitos pésa;
Une aos impios vingança, paz aos justos:
Com internos avisos

Corrige os mãos juizos;

Consolando, premêa o animo puro,
E o peccador assusta c'o futuro.

Senhor, como é feliz o homem qu' instrucs,
E a quem da lei decoras os preceitos!
Nos dias mãos as dores lhe mitigas,

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